Cortar nos custos: quando a crise aperta, este é o primeiro instinto. Se, a nível pessoal, uma maior contenção pode ser bastante benéfica, a redução indiscriminada de custos nas empresas pode ter o resultado inverso.

 

Num contexto económico dito “normal”, a redução de custos é uma parte importante daquilo que torna a empresa mais competitiva. A capacidade de produzir, revertendo proporcionalmente os custos associados, faz com que a empresa se torne mais rentável, acelerando assim o seu crescimento. No entanto, este exercício deve ser feito de forma estratégica, cortando onde realmente interessa e sabendo distinguir os custos dispensáveis daqueles que mantêm o negócio a funcionar.

Agora que o risco do vírus parece mais controlado e vamos, lentamente, retomando a atividade económica, esta capacidade para analisar e reduzir determinadas despesas do negócio é ainda mais relevante. A última grande crise económica que abalou a Europa (e o resto do mundo) trouxe-nos algumas lições. Agora, cabe às empresas antecipar os desafios e começar a trabalhar para minimizar o impacto.

 

O contexto económico e a redução de custos nas empresas

O principal objetivo ao reduzir custos é incrementar a liquidez da empresa (“cash is king”), assegurando que continua a operar, bem como a recuperar os resultados. Para tal, e especificamente no contexto atual, as empresas devem começar por desenhar e colocar em marcha protocolos, não só sanitários, mas de operações, gestão de Recursos Humanos, entre outros.

Será a flexibilidade e agilidade de cada empresa a ditar os resultados dos próximos meses. A rápida tomada de decisão, bem como a capacidade de reduzir os custos no imediato, serão fatores decisivos na capacidade das empresas melhorarem a liquidez e continuarem a funcionar, mesmo num contexto de crise financeira e económica.

Eliminar o máximo possível de despesas é um dos principais focos na mente dos gestores, atualmente. A pandemia de Covid-19 e as suas consequências económicas tornaram esta redução, além de estratégica, uma prioridade.

 

Reduzir custos com fornecedores: o Princípio de Pareto

O Princípio de Pareto (cunhado por Joseph Moses Juran em homenagem ao economista italiano Vilfredo Pareto) defende que, para a generalidade dos eventos, 80% dos efeitos são provenientes de 20% das causas. Ou seja, no âmbito da gestão de custos, podemos dizer que 80% dos custos de uma empresa está alocada a cerca de 20% dos fornecedores.

Num contexto de crise, a tendência é para cortar custos de forma pouco estratégica: adiar ou cancelar contratos com fornecedores e/ou pagamentos aos mesmos. No entanto, esta decisão pode revelar-se danosa mais à frente, prejudicando o seu próprio negócio.

Pense nos fornecedores como parceiros estratégicos do seu negócio. Os tais 20% mencionados acima serão, provavelmente, os fornecedores indispensáveis ao seu negócio. Faça uma gestão eficiente dos contratos, mantendo aqueles fornecedores que não só são essenciais para que continue a produzir, como estão perfeitamente alinhados com os requisitos de qualidade da sua empresa. Proponha acordos favoráveis que permitam a redução de custos, mas que, ao mesmo tempo, permitam a ambos os negócios manter a atividade.

Para os restantes, sugerimos uma reavaliação dos custos. Desafiar o status quo é o primeiro passo para uma redução de custos nas empresas. Quais são os custos que podem ser otimizados? Em que categoria de custos está a alocar uma maior fatia do orçamento? Existem oportunidades de poupança que não comprometam as metas de vendas?

 

Os principais desafios na redução de custos

Existe sempre potencial de redução de custos em diversas categorias. Em regra geral, 10 a 40% dos custos de uma empresa são passíveis de ser reduzidos. Estas oportunidades de poupança passam frequentemente despercebidas, seja por falta de visibilidade e recursos humanos para lidar com elas, ou por ter dados insuficientes que provem o impacto da sua redução.

Os principais desafios das empresas na redução de custos estão, habitualmente, relacionados com os seguintes fatores:

  • Categorização e conhecimento dos custos;
  • Disponibilidade de informação de mercado;
  • Escassez de recursos humanos;
  • Compromisso da equipa de gestão;
  • Ferramentas de controlo interno;
  • Fragmentação dos custos;
  • Visibilidade dos detalhes;
  • Custos de processamento das compras.

 

É natural que a sua empresa também se depare com estes desafios. O que não é saudável é que continue a protelar a redução de custos na empresa, independentemente de quais forem os desafios. Reduzir os custos é tão urgente quanto recuperar o nível de vendas: será este equilíbrio que manterá a liquidez da empresa num estado saudável, no final do ano. E que ano, certo?

 

Sobre o autor: João Costa, coordena uma equipa de consultores de alto nível, especializada na gestão de projetos de redução de custos e análise de uma ampla variedade de categorias de custos. Tem uma experiência de mais de 30 anos em gestão global (dos quais 10 anos como CEO/DG), turnarounds, liderança de equipas de marketing, franchising e vendas, principalmente em Produtos de Grande Consumo, em diversas geografias. É especialista em desenvolvimento organizacional e eficiência de empresas com diferentes perfis (multinacionais e empresas familiares).

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